Cabelos do Mundo. Parte 3: Cuidados com o cabelo ao estilo africano

O que podemos aprender com as mulheres que vivem em Marrocos, no Egipto ou no Quénia?

África é um continente invulgar. Um clima característico significa a necessidade de um cuidado de beleza intensificado. O cabelo não tem uma vida fácil, tendo em conta o rigoroso clima africano. Uma seca tropical quotidiana transforma-se em frio intenso. Um Verão quente e sem chuva é seguido de um Inverno chuvoso. Na outra parte do continente, a chuva durante todo o ano torna o cabelo rebelde no clima húmido e tropical. Como cuidar do cabelo em condições tão adversas? Cuidar da aparência é uma obrigação. Os cuidados de beleza adquirem as características de um ritual. África revela-se um tesouro de plantas naturais, únicas e mundialmente famosas, sendo uma arma poderosa contra o clima desfavorável ao cabelo. Como é que as mulheres em África cuidam do seu cabelo?

O CABELO EM DIFERENTES CANTOS DO MUNDO PARTE 3 - ÁFRICA

As mulheres egípcias sempre foram conhecidas por cuidarem muito bem da sua boa aparência. O Egito é o local de onde vêm muitas receitas fiáveis e substâncias para o cuidado da pele (leite, mel, rabanete), bem como os primeiros produtos de maquilhagem e para o corpo (Kohl, terra egípcia). 

O extrato de árvore do Egipto é um dos produtos mais populares para o cuidado do cabelo. As suas propriedades condicionadoras e a "vontade" de sobreviver no clima quente e rigoroso são impressionantes. A árvore do Egito é capaz de armazenar água e outros nutrientes no seu vasto sistema radicular, o que lhe permite sobreviver sem chuva até dois anos!

As mulheres egípcias apaixonaram-se pelo extrato das sementes da árvore do Egito porque tem qualidades regeneradoras espantosas e hidrata fortemente os cabelos extremamente danificados.

O extrato de árvore do Egipto é rico em todas as substâncias essenciais para a reparação e reconstrução do cabelo. Reforça os fios fracos, evita a quebra e regenera-os da raiz às pontas. Graças a este extrato, as mulheres egípcias podem orgulhar-se de ter um cabelo saudável, bem cuidado e luminoso. Todos os produtos para o cabelo podem ser infundidos com o extrato - champôs, óleos, máscaras, amaciadores e bálsamos. Este complexo vegetal regenerador penetra na haste do cabelo, repõe a queratina e sela a camada da cutícula, tornando o cabelo mais saudável e mais bonito. 

O hibisco é outro ingrediente muito apreciado no Egito para melhorar o cabelo. Pertence à família das plantas malváceas que possuem propriedades embelezadoras, saudáveis e regeneradoras. O hibisco é rico em polifenóis, antocianinas, flavonóides e vitamina C numa concentração elevada. As mulheres egípcias valorizam o extrato de toda a planta. Tanto as flores como as folhas são ricas em carotenos, enquanto as sementes estão repletas de ácidos gordos insaturados. O hibisco propagou-se há centenas de anos graças aos faraós que valorizavam o seu poder antibacteriano e saudável, bebendo uma infusão conhecida como Karkade. 

Os chás e os extratos de hibisco são apreciados nos cuidados do cabelo, mantendo os fios saudáveis, fortalecendo os bolbos e melhorando o aspeto do cabelo, transportando um conjunto completo de ingredientes regeneradores para as estruturas internas do cabelo. Um óleo, extraído das sementes de Hibiscus, é também muito apreciado. É uma fonte rica em antioxidantes, polifenóis, ácidos AHA naturais e flavonóides.

As mulheres de Gana podem vangloriar-se de um sabão preto feito à mão que é tão famoso como o sabão Dudu Osun. O sabão preto de Gana funciona como um esfoliante e limpa idealmente o corpo e o couro cabeludo. É feito de óleos não refinados (principalmente óleo de palma e óleo de coco) e vagens de cacau. 

É usado para o cuidado de pele oleosa. O sabonete combate problemas de caspa e psoríase, normaliza o funcionamento das glândulas sebáceas (adequado para cabelos oleosos e facilmente pesados). O Sabonete Preto Africano funciona como um excelente esfoliante para a pele de todo o corpo e para o couro cabeludo. Recomenda-se a utilização de um champô suave após a utilização do sabão, uma vez que este tem fortes qualidades desengordurantes e pode deixar o cabelo baço e áspero.

O Quénia é mundialmente famoso como uma poção intensamente rejuvenescedora para o cabelo e a pele. Os frutos da árvore de karité são colhidos à mão e utilizados para a produção de manteiga de karité, que é um dos melhores produtos para condicionar o cabelo. Para ser mais exato, é um óleo sólido que se transforma em líquido a cerca de 40 graus. 

As mulheres no Quénia aplicam manteiga de karité na pele e no cabelo, bem como a utilizam para a pele delicada dos bebés. A manteiga é mais conhecida como um dos mais fortes antioxidantes. Aplicada regularmente, suaviza as linhas finas, previne o enfraquecimento do cabelo e o envelhecimento. As árvores de karité são cultivadas em muitas regiões de África, mas o Quénia é o país com a melhor qualidade de manteiga de karité. 

Graças à manteiga de Karité, o cabelo ganha brilho, vitalidade e juventude. Nutre, protege o cabelo e regenera-o graças à diversidade dos fitoesteróis, dos antioxidantes (o Karité possui até 9 compostos antioxidantes), da alantoína e das vitaminas A, E, F (ácidos gordos essenciais). A manteiga de karité regula de forma ideal o nível de hidratação do cabelo e da pele, confere elasticidade ao cabelo, alisa os fios, fortalecendo os bolbos e prevenindo simultaneamente a queda de cabelo.

Madagáscar é uma ilha tropical - famosa pelo maior número de baobás. As mulheres que vivem nesta ilha exótica associam-nos sobretudo a um óleo para a pele e o cabelo que muda a vida, extraído das sementes da maior árvore do mundo.

Óleo de semente de baobá é uma substância versátil extraída da árvore (segundo as crenças dos habitantes de África) de vida longa. Contém ácidos gordos insaturados ómega 6 e ómega 9, bem como vitaminas A, E e D. Este óleo repara, protege e melhora a estrutura do cabelo. O óleo de semente de baobá é indicado para o cuidado dos cabelos secos, quebradiços e danificados: devolve a elasticidade e o brilho, protege dos raios solares fortes e do vento.

● Ouro líquido de Marrocos - Óleo de argão

As mulheres marroquinas conhecem o óleo de argão há milhares de anos. No entanto, ninguém esperava que se tornasse tão popular. Atualmente, as árvores de Argânia são cultivadas à escala mundial. O óleo de argão, também conhecido como o ouro líquido de Marrocos, está entre os produtos mais vendidos para o cuidado da pele e do cabelo. 

O óleo de argão é utilizado para lubrificar e aumentar o brilho do cabelo. Permite que as mulheres se livrem do problema do cabelo fraco, seco e áspero, protege do sol impiedoso de África e previne os danos no cabelo. É uma abundância de vitaminas E, ácidos gordos essenciais ómega 6 e ómega 9, flavonóides e carotenoides. O óleo de argão reforça intensamente os bolbos capilares e evita a queda dos fios, regenerando os folículos capilares. 

● Argila Rhassoul (ou ghassoul) - Argila marroquina

Marrocos não é apenas famoso pela produção em massa de óleo de argão. Nas montanhas do Atlas, é extraída uma das argilas cosméticas mais valiosas - adorada pelas mulheres marroquinas. 

A argila marroquina é conhecida como ghassoul ou rassoul (o outro nome deriva do verbo "rassala" - "lavar"). A argila não só funciona como uma máscara capilar perfeita, mas também é adequada para lavar o cabelo e o corpo, graças às suas qualidades de espuma suave. É boa para desengordurar e refrescar o cabelo e o couro cabeludo. Graças ao rassoul, o cabelo fica brilhante, macio e volumoso. Concebido para todos os tipos de cabelo, funciona melhor em cabelos pesados e oleosos (comuns no clima tropical africano), absorvendo o sebo. 

A máscara de argila marroquina elimina o excesso de queratina que tende a acumular-se no cabelo se for utilizada em demasia. Isto significa que a utilização regular da argila de ghassoul evita a quebra do cabelo e mantém os fios limpos, o que se reflete num crescimento saudável.

As mulheres da tribo Himba podem orgulhar-se de alguns cuidados corporais e capilares invulgares e únicos. Este grupo étnico vive nas regiões da Namíbia. As mulheres Himba são famosas pela sua beleza espantosa. De aspeto espantoso, com pernas longas e magras, são conhecidas pelos seus métodos pouco convencionais de tratamento da pele e do cabelo. Mantêm-se frescas e protegem os seus corpos do clima tropical sem utilizar água. As mulheres Himba dedicam muito tempo aos tratamentos de beleza. Aplicam uma mistura de manteiga, cinzas, plantas e ocre (um pigmento que dá à mistura um tom vermelho-tijolo) na pele e no cabelo. A mistura é conhecida por otjize - não só torna a pele suave e bonita, como também a protege dos insetos, das bactérias e da agressividade dos raios solares. Para além disso, o otjize tem um aroma forte a ervas e incenso que se mantém na pele durante muito tempo. Como é que as mulheres Himba lavam o cabelo? A água é demasiado preciosa, por isso não a usam. A já mencionada mistura vermelha tem propriedades de limpeza e desinfeção. Além disso, utilizam um banho de fumo: as brasas são enriquecidas com ervas e cânfora, desinfetando a pele e o cabelo.

As mulheres nigerianas também têm alguns ingredientes e substâncias secretas que já ganharam fama mundial. A manteiga de manga - com um cheiro agradável e extraída das sementes de manga - é uma das mais populares. A manteiga de manga é valorizada pelos seus ingredientes fortemente nutritivos. Pode ser utilizada tanto para a pele como para o cabelo. Sob o forte sol africano, é uma substância perfeita para proteger o cabelo e a pele da desidratação e da radiação UV. 

Suaviza as madeixas, dá brilho e protege-as da exposição prolongada ao sol. A manteiga de manga é suave e não deixa o cabelo pesado. Deixa uma camada microscópica na superfície, protegendo o cabelo dos danos. Aplicada no couro cabeludo, a manteiga atua como um anti-séptico, faz com que as feridas e irritações cicatrizem mais rapidamente e equilibra a secreção de sebo no couro cabeludo. 

O sabão preto, conhecido como dudu osun ou Baphia nitida é também o orgulho das mulheres nigerianas. O seu ingrediente principal é o sândalo vermelho, que tem sido utilizado para cuidar da pele e do cabelo. O sabonete nigeriano castanho-escuro limpa profundamente a pele, previne a oleosidade do couro cabeludo e do cabelo, sem perturbar o equilíbrio hidro-lipídico. Dudu osun é infundido com muitos extratos naturais para combinar o seu poder numa única barra: Aloé, mel, manteiga de karité, sementes de palma e cinzas de cacau, que proporcionam uma desintoxicação e purificação da pele. O sabonete Dudu lava eficazmente a oleosidade do cabelo após o tratamento com óleo capilar. Este sabonete preto está a ganhar popularidade em todo o mundo porque retira a maquilhagem à prova de água, condicionando a pele ao mesmo tempo.

No fundo do continente quente, na República da África do Sul, há árvores que dão frutos amarelos, semelhantes a ameixas. O seu aroma doce atrai os elefantes, tal como a hortelã-gato atrai os gatos. O óleo de Marula, extraído das sementes do fruto, é tratado como um poderoso elixir da juventude.

O óleo de marula possui uma elevada concentração de vitaminas C e E - antioxidantes valiosos que facilitam a renovação das células. Repara fortemente o cabelo e previne os danos e o envelhecimento prematuro, afastando os radicais livres. 

A marula é um óleo intensamente regenerador que protege o cabelo dos raios solares fortes, o que é certamente importante num clima tropical. Aplicado no couro cabeludo, o óleo de marula fortalece os bolbos capilares e deixa-os "aninhar-se" firmemente nos folículos: o cabelo recupera força, condição, crescendo saudável e não caindo. O óleo é igualmente apreciado pelas suas propriedades de reforço do brilho e de condicionamento.